24 agosto 2006

Revolução Inglesa (Parte 1) - 2. colegial

cNo início dos anos 1600, a Inglaterra apresentava-se como um país em desenvolvimento e expansão. Nos reinados do século anterior, de Henrique 8º e Elizabeth 1ª, o território foi unificado, a nobreza foi colocada sob controle, a ingerência do para e da Igreja católica fora afastada pela criação da Igreja anglicana. Desse modo, os britânicos já disputavam com os espanhóis os domínios coloniais na América Central e Caribe.
No entanto, Elizabeth 1ª, da dinastia Tudor, não deixou descendentes e subiu ao trono, em 1603, Jaime 1º, da dinastia escocesa Stuart, unindo as coroas da Inglaterra, da Irlanda e da Escócia. O rei, entretanto, pretendia governar sem o Parlamento, a quem cabia o poder de direito, de acordo com a Carta Magna de 1215. No entanto, o rei podia convocá-lo somente quando julgasse necessário e, assim, exercia o poder de fato.
Sua justificativa para exercer o poder absoluto baseava-se na teoria da origem divina do poder real (absolutismo). Nesse sentido, Jaime 1º ressalta os aspectos católicos do anglicanismo que corroboram essa teoria. Quanto ao Parlamento (Câmara dos Comuns), que reunia a burguesia urbana e os produtores rurais progressitas - setores de crescente importância econômica ignorados pela Coroa -, aderiu em sua maioria ao puritanismo, uma seita calvinista (protestante).
O rei versus o Parlamento
Foram constantes o confronto entre o rei e o Parlamento, em especial no que se refere aos impostos criados pela Coroa, havendo ainda questões sob a forma de ocupação da Irlanda e as perseguições religiosas. Destas últimas resultou o início da emigração para a América do Norte.
Em 1625, Jaime 1º. Foi sucedido por seu filho Carlos 1º que, com a Inglaterra envolvida em guerras externas, viu-se forçado a convocar um Parlamento que já lhe era de antemão hostil. Este, em troca de seu apoio, exigiu o controle da política financeira, o comando do exército, bem como a regularidade na convocação do Parlamento.
Em retaliação, o rei dissolveu o Parlamento e passou a governar com o apoio da Câmara Estrelada (tribunal formado por nobre de sua confiança). Além disso, reprimiu os dissidentes - em especial religiosos - o que aumentou a emigração para a América. Para submeter a todos, promovendo uma união religiosa, procurou impor o anglicanismo também à Escócia. Os escoceses se rebelaram e invadiram o norte da Inglaterra.
A Revolução Puritana
A crise forçou o rei a convocar o Parlamento em 1640. Este destituiu a Câmara estrelada, despojou o rei de sua autoridade e aprovou uma lei que tornava obrigatória a sua convocação a cada três anos, independentemente de determinação do monarca. No ano seguinte, uma revolta na Irlanda católica foi o estopim da Revolução.
O Parlamento se recusou a entregar o comando do exército destinado à reconquista da Irlanda a Carlos 1º. Este não se conformou em perder o comando das forrças armadas: com um grupo de apoiadores, invadiu o Parlamento e tentou prender os líderes da oposição. Não conseguiu. Foi forçado a se retira de Londres e refugiou-se em Oxford, onde reuniu um exército de 20 mil homens, formado por uma parte da burguesia financeira, que temia qualquer desordem, e por aristocratas que ainda usufruíam dos benefícios feudais.
Os "cabeças redondas" e a República
Teve início uma guerra civil que iria durar de 1642 até 1645. No Parlamento, surgiu um líder político e militar que se destacaria na história da Grã-Bretanha e que ainda hoje desperta paixões e polêmicas no país: Oliver Cromwell. Originário dos grupos de produtores reais progressistas, puritano, homem de personalidade forte e carismática, Cromwell organizou o exército do parlamento segundo um novo modelo ("New Model Army").
Tratava-se de uma organização mais democrática, em que a ascenção se dava por mérito e os soldados participavam de comitês que tomavam decisões. Eram os chamados "cabeças redondas", devido ao modelo de elmo que usavam. No rastro do Novo Exército, surgiu também um partido, os niveladores ("levellers"), pequenos proprietários que defendiam a república, o direito de voto e de representação no Parlamento a todos os homens livres, o fim dos monopólios reais, isto é, o livre comércio, a separação entre a Igreja e o Estado.
Em 1645, Carlos 1º foi preso. Setores do Parlamento, porém, assustados com as pretensões dos niveladores, que tentavam tomar o controle do exército, resolveram se unir ao rei. Este, porém, aproveitou a situação para fugir para a Escócia, em cujo Parlamento acreditava obter proteção. Ledo engano: foi entregue aos ingleses, que o decapitaram, proclamando a República, em 19 de maio de 1649.

21 agosto 2006

Reforma e Contra Reforma 2.colegial

A crise do feudalismo, o renascimento comercial e urbano, bem como a mentalidade humanista que se desenvolveu simultaneamente a essas transformações econômicas e sociais, não podiam deixar de ter implicações no âmbito religioso. Se no mundo medieval a Igreja católica exercera uma hegemonia em diversos planos da vida em sociedade, é compreensível que o fim da Idade Média abalasse as estruturas dessa mesma Igreja.
Em primeiro lugar, sob o aspecto econômico, é preciso ter em mente que o mercantilismo ou capitalismo comercial se assentava sobre um processo de acumulação do capital, enquanto o catolicismo condenava a usura, os juros e o lucro. Em segundo lugar, politicamente, com o fortalecimento das monarquias nacional, era necessário submeter a autoridade da Igreja à autoridade dos reis e até expropriar parte de seus bens, angariando-os ao tesouro real.
Finalmente, é importante lembrar que, no final da Idade Média, a Igreja vivia um momento de grande decadência espiritual, que se traduzia nas mais diversas imoralidades, que iam das práticas sexuais ao comércio de objetos sagrados e relíquias (na maioria das vezes falsas) e à venda de indulgências (ou seja, do perdão para os pecados). A degradação não se limitava ao baixo clero, chegava aos papas, que promoviam guerras, tinham filhos naturais e viviam em meio ao luxo e à riqueza, sustentada pelos fiéis. Do mesmo modo, as ricas famílias italianas passaram a intervir nas eleições papais, interessada no poder político que a Igreja ainda exercia na Europa.
Protesto e ruptura
Em meio a esse panorama crítico, no início do século XVI, começaram a eclodir manifestações de protesto e ruptura que transformaram a estrutura eclesiástica e a doutrina da salvação, promovendo uma renovação no Cristianismo, cujas implicações não se limitariam ao continente europeu.
Cronologicamente, o primeiro movimento reformista ocorreu em Wittemberg, Alemanha, onde o monge e professor de Teologia Martinho Lutero apresentou suas 95 teses condenando a Igreja romana. Suas denúncias, afixadas na porta da catedral da cidade, iam além das questões práticas e questionavam dogmas religiosos. Para Lutero, por exemplo, a salvação da alma dependia exclusivamente da fé e não das ações dos fiéis (que eram julgadas pelos padres).
Luteranismo
O culto luterano primava pela simplicidade, ao contrário do católico, e apenas dois dos sacramentos do catolicismo foram conservados por ele: o batismo e a eucaristia, considerada como representação do corpo e do sangue de Cristo - e não como o milagre da transubstanciação, pelo qual Jesus se materializa no pão e no vinho.
Excomungado pelo papa em 1520, Lutero contou com o apoio dos príncipes alemães, que pretendiam libertar-se da influência papal e do imperador germânico, que era católico. Refugiado no castelo de Wartburg, sob a proteção do duque Frederico da Saxônia, o reformador traduziu a Bíblia para o alemão e escreveu diversos panfletos, arrebanhando um número significativo de seguidores, chamados de protestantes.
Reforma calvinista
Enquanto isso, na França, uma outra reforma estava em andamento. O teólogo João Calvino, influenciado pelo pensamento de Lutero, distanciava-se da Igreja católica. Foi obrigado a deixar o país e refugiar-se em Genebra, na Suíça, onde organizou uma nova Igreja, baseada em leis rígidas e intolerantes, publicando suas "Ordenanças Eclesiásticas", em 1541. Suas idéias rapidamente chegaram à França, Holanda e Inglaterra (onde receberam o nome de puritanismo).
As reformas propostas por Calvino são mais radicais que as de Lutero. Ele também acreditava na salvação pela fé - esta, porém, não dependia do fiel, mas de Deus conferi-la aos seus eleitos. Tendo como base da crença apenas as Sagradas Escrituras, o reformador franco-suíço simplificou ainda mais o culto, transformado em comentários à Bíblia, feitos por sacerdotes sem paramentos, em igrejas sem imagens.
Igreja anglicana
Também na Inglaterra uma reforma ocorreu, mas aí as questões políticas e econômicas predominaram sobre as religiosas. Usando como pretexto a recusa do papa ao pedido de anulação de seu casamento com Catarina de Aragão, que não lhe dava um herdeiro, Henrique 8o rompeu com Roma, submetendo a Igreja inglesa ao Estado, ou "nacionalizando-a", através do Ato de Supremacia. A reforma anglicana, porém, só se consumaria no reinado de sua filha, Elisabeth 1, que deu ao anglicanismo um conteúdo protestante (calvinista) e uma forma católica, em termos de hierarquia e cerimonial.
O avanço do protestantismo conduzia a Igreja católica a uma crise sem precedentes em sua história. O papado percebia a necessidade de uma reforma, o que, de acordo com a tradição católica, exigia a realização de um concílio (reunião dos bispos, presidida pelo papa, para deliberar sobre questões de fé, costumes, doutrina ou disciplina eclesiástica). Para isso, foi decisivo o surgimento da Companhia de Jesus, fundada por Inácio de Loyola, em 1534, e confirmada seis anos depois pelo papa Paulo 3o
Contra-reforma
Os jesuítas encarregaram-se de organizar o Concílio de Trento - uma cidade do Império Germânico próxima à fronteira com a Itália -, que se inciou em 1545 e se estendeu até 1563. Antes disso, contudo, foram restaurados os tribunais da Inquisição - o Santo Ofício, que agora - e não na Idade Média como se costuma pensar - iria desenvolver ações violentas de repressão aos judeus, protestantes e todos os que se considerassem hereges. Com isso, conteve o avanço do protestantismo na Itália, na Espanha e em Portugal.
O Concílio de Trento reforçou a autoridade do papa e restabeleceu a disciplina na Igreja, especialmente pela criação de seminários com a função de formar padres. Também foram criados um Missal e o Catecismo oficial da Igreja católica. A partir daí, desenvolveu-se a Contra-reforma, que combateu os protestantes não só através da repressão do Santo Ofício, mas também da educação, com a criação de colégios de ensino primário e secundário, assim como da catequese nos países da Ásia e da América do Sul.
Coloquem dúvidas nos comentários e na sala de aula eu volto a explicar

18 agosto 2006

Pólis - Cidades Estados / 1. colegial


Esparta
Política
A Constituição de Esparta, segundo a tradição, foi escrita por um legislador chamado Licurgo, personagem de existência duvidosa que teria vivido no século IX a.C. Conforme a Constituição, o governo da cidade era composto pelos seguintes órgãos:
Diarquia: dois reis hereditários, membros de famílias diferentes e igualmente importantes. Teoricamente, possuíam enormes poderes. Na prática, decidiam sobre questões ligadas à religião ou à guerra.
Gerúsia: Conselho de Anciões, formado por 28 membros vitalícios, com mais de 60 anos, e pelos dois reis. Esses conselheiros eram chamados gerontes. A Gerúsia propunha leis, decidia nas questões de política externa (guerra e paz, por exemplo) e julgava causas criminais. Apela: Assembléia dos Cidadãos. Dela só participavam espartanos com, no mínimo, 30 anos. Essa assembléia votava em emendas e sem discussão as propostas da Gerúsia. Seus votos podiam ser anulados pelos gerontes.
Eforato: grupo formado por cindo éforos, eleitos por um ano pela apela. Os éforos fiscalizavam os reis, dirigiam a administração e a economia da cidade, e podiam, inclusive, contrariar leis antigas. O eforato era, portanto, o órgão mais poderoso de Esparta. Sociedade Para manter o domínio sobre as populações e as terras conquistadas, as primeiras gerações de espartanos decidiram que a sua sociedade ficaria dividida em três camadas:
Espartanos: eram descendentes dos dórios, apesar de constituírem uma minoria, eram os únicos a ter direitos políticos.
Periecos: Eram na sua maioria descendentes dos aqueus. Dedicavam-se principalmente ao comércio e ao artesanato.
Hilotas: descendiam dos messênios e de outros povos conquistados. Eram escravos pertencentes ao Estado e cultivavam as terras dos espartanos.
Economia
A principal atividade econômica de Esparta era a agricultura fundamentada na exploração dos hilotas. A prática de comércio esteve bastante restrita em virtude do difícil acesso ao mar. Além do que a própria fertilidade do solo espartano, que parece mais produtiva do que outras regiões do território gregas, permitiram que seus habitantes garantissem seu sustento sem a necessidade de realizarem importações.
Atenas
Sociedade
Os jônios ocuparam a Ática, península com poucas terras férteis e litorais recortado, por volta do século X a.C. Numa colina dessa península, a poucos quilômetros do mar Egeu, fundaram a cidade-Estado de Atenas. A sociedade ateniense dessa época era formada pelos eupátridas (grandes proprietários de terá), georgói (pequenos proprietários) e dimiurgos (artesões especializados). Existiam ainda os assalariados e um reduzido número de escravos que trabalhavam nas propriedades dos eupátridas.
Política
Inicialmente, o governo da cidade era exercido por um rei, que era ao mesmo tempo chefe militar, juiz e sacerdote, e cujo poder era limitado por um Conselho de Nobres. Pouco a pouco, a nobreza, foi concentrando enormes riquezas em suas mãos, o que lhe permitiu praticamente anular o poder do rei. O governo da cidade passou a se exercido pelo Arcontado, um conjunto de magistrados escolhidos pelos eupátridas de maior prestígio. Atenas deixava de ser uma monarquia e passava a ser uma oligarquia. Por meio de uma série de reformas aplicadas à cidade de Atenas a partir do século 508 a.C., Clístenes criou um regime que ficou conhecido como democracia. Deixando a sim a oligarquia para a democracia, ou seja, o poder na mão do povo.
Economia
A base da economia consistia na agricultura fundamentada em um regime escravocrata, ou seja, a mão-de-obra escrava sustentava a produção. As atividades comerciais também faziam parte da economia ateniense, sobretudo a partir do processo de colonização, quando a cidade se torna um grande centro comercial.
Coloquem dúvidas nos comentários e na sala de aula eu volto a explicar